Restrição de aminoácido abundante na proteína animal poderá inibir o cancro
Recentemente foi publicado um estudo, no qual foram seguidos mais de 6000 adultos durante quase duas décadas. Nesse estudo os investigadores descobriram que consumir uma dieta rica em proteínas animais durante a meia-idade equivale a um risco 4 vezes superior de morrer de cancro do que alguém que consuma uma dieta com pouca proteína. Este risco é na realidade comparável ao risco de fumar.
Pensa-se que um dos motivos para a proteína animal ser responsável por um aumento de risco de cancro seja o facto de o seu consumo contribuir para um aumento dos níveis de IGF-1. De facto, o estudo refere que tanto o modelo humano como o animal sugerem que uma dieta baixa em proteína na meia-idade é provavelmente benéfica na prevenção de cancro, mortalidade em geral e possivelmente diabetes, através de um processo que pode envolver, pelo menos em parte, a regulação dos níveis de IGF-1 e possivelmente de insulina.
Outro dos fatores de risco relacionados com o consumo de proteína animal está relacionado com a produção de aminas heterocíclicas quando cozinhada a altas temperaturas. Quando a carne e o peixe é exposta a temperaturas altas, formam-se dois tipos de compostos altamente cancerígenos chamados aminas heterocíclicas (HCA) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH). Isto resulta do contacto da carne (ou do peixe) com uma chama (como nos churrascos) ou superfícies muito aquecidas. Cozinhar estes alimentos a grandes temperaturas faz com os seus aminoácidos e a creatina (presente nas fibras musculares e cérebro) reajam e formem aminas heterocíclicas. Uma das formas de reduzir a produção destas substâncias cancerígenas passa por marinar a carne antes de cozinhá-la.
Outra das formas de diminuir o risco de cancro devido a estes compostos (além de reduzir o consumo de produtos de origem animal) consiste em consumir crucíferas regularmente e em simultâneo com estes alimentos. Alguns cancros cuja incidência aumenta com o consumo de carne, diminuem em populações que consomem crucíferas (couves) regularmente.Os isotiocianatos presentes nestes vegetais poderão ser responsáveis pelas suas propriedades protetoras em relação à carne. Os isotiocianatos (ITC) estimulam a produção de enzimas desintoxicantes no nosso organismo, as quais ajudam a eliminar substâncias cancerígenas antes de produzirem dano ao ADN das células. Além disso, os ITC interagem quimicamente com as aminas reduzindo assim o seu potencial mutagénico. De acordo com um estudo recente, combinar carnes com couves poderá limitar em 20% a formação de aminas heterocíclicas e diminuir a sua atividade cancerígena.
Além das aminas heterocíclicas, nitrosaminas, ferro heme e dos níveis de IGF-1 serem aumentados, outro componente presente em grandes quantidades na proteína animal poderá contribuir para um risco superior de cancro. Trata-se do aminoácido metionina. Por ser essencial, este aminoácido tem de ser obtido através da dieta. Embora seja importante em variadas funções do organismo, quando em excesso poderá contribuir para o risco de cancro. A primeira vez que se observou uma relação entre as células de cancro e a metionina foi num estudo publicado em 1974. O estudo mostrou pela primeira vez que muitos cancros em humanos têm aquilo a que se chama uma “absoluta dependência de metionina”. O que isto significa é que enquanto as células saudáveis podem sobreviver sem metionina, as células de cancro morrem na ausência do aminoácido, precisando dele para crescer.
As células de cancro apresentam uma série de alterações metabólicas as quais oferecem oportunidades terapêuticas. O aumento da dependência destas células do aminoácido metionina é uma dessas alterações e embora se conheçam alguns mecanismos envolvidos nessa dependência, o mecanismo fundamental permanece ainda desconhecido. A restrição de metionina poderá interferir com a metilação de DNA, ciclo celular e síntese de antioxidantes nas células de cancro.
Estudos preliminares em laboratório e animais têm mostrado resultados promissores na inibição dos tumores em vários tipos de cancro sem consequências para as células saudáveis. Esta dependência de metionina foi identificada em tumores de vários tipos de cancro, como o cólon, mama, ovário, próstata e melanoma. Alguns estudos de fase I têm sido realizados com resultados promissores tanto através de uma restrição de metionina como diminuindo a sua disponibilidade com fármacos. Alguns estudos mostram também haver uma sinergia entre essa estratégia e tratamentos com quimioterapia mostrando vantagens nos resultados, podendo também vir a ser útil no tratamento de cancros metastizados.
Embora existam alguns estudos a decorrer que procuram perceber a eficácia na utilização de fármacos que reduzam os níveis de metionina no organismo, a forma mais simples e eventualmente mais eficaz passa por uma intervenção nutricional, reduzindo os alimentos que sejam ricos neste aminoácido. De facto, a restrição de metionina tem mostrado benefícios no prolongamento de vida em modelo animal. Os vários estudos que avaliam essa estratégia referem as eventuais vantagens de uma dieta vegan, sem produtos de origem animal, na diminuição dos níveis de metionina e consequentemente na diminuição de risco de vários tipos de cancro
Os alimentos com maior concentração de metionina são geralmente de origem animal sendo a maioria dos alimentos de origem vegetal pobres no aminoácido com exceção das sementes de sésamo e da castanha do brasil. A seguinte lista apresenta alguns dos alimentos mais ricos em metionina:
Referências:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24679758
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4524624
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22171665
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14585259
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8495409
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12948860
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11603655
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12416254
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22171665
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18789600
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22342103
http://ndb.nal.usda.gov/ndb/nutrients/report?nutrient1=506&nutrient2=&nutrient3=&fg=&max=25&subset=0&offset=0&sort=c&totCount=4933&measureby=m
http://nutritiondata.self.com/foods-000084000000000000000-w.html
fonte: 21 de abril de 2014 · por Gabriel Mateus · em metionina
Pensa-se que um dos motivos para a proteína animal ser responsável por um aumento de risco de cancro seja o facto de o seu consumo contribuir para um aumento dos níveis de IGF-1. De facto, o estudo refere que tanto o modelo humano como o animal sugerem que uma dieta baixa em proteína na meia-idade é provavelmente benéfica na prevenção de cancro, mortalidade em geral e possivelmente diabetes, através de um processo que pode envolver, pelo menos em parte, a regulação dos níveis de IGF-1 e possivelmente de insulina.
Outro dos fatores de risco relacionados com o consumo de proteína animal está relacionado com a produção de aminas heterocíclicas quando cozinhada a altas temperaturas. Quando a carne e o peixe é exposta a temperaturas altas, formam-se dois tipos de compostos altamente cancerígenos chamados aminas heterocíclicas (HCA) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH). Isto resulta do contacto da carne (ou do peixe) com uma chama (como nos churrascos) ou superfícies muito aquecidas. Cozinhar estes alimentos a grandes temperaturas faz com os seus aminoácidos e a creatina (presente nas fibras musculares e cérebro) reajam e formem aminas heterocíclicas. Uma das formas de reduzir a produção destas substâncias cancerígenas passa por marinar a carne antes de cozinhá-la.
Outra das formas de diminuir o risco de cancro devido a estes compostos (além de reduzir o consumo de produtos de origem animal) consiste em consumir crucíferas regularmente e em simultâneo com estes alimentos. Alguns cancros cuja incidência aumenta com o consumo de carne, diminuem em populações que consomem crucíferas (couves) regularmente.Os isotiocianatos presentes nestes vegetais poderão ser responsáveis pelas suas propriedades protetoras em relação à carne. Os isotiocianatos (ITC) estimulam a produção de enzimas desintoxicantes no nosso organismo, as quais ajudam a eliminar substâncias cancerígenas antes de produzirem dano ao ADN das células. Além disso, os ITC interagem quimicamente com as aminas reduzindo assim o seu potencial mutagénico. De acordo com um estudo recente, combinar carnes com couves poderá limitar em 20% a formação de aminas heterocíclicas e diminuir a sua atividade cancerígena.
Além das aminas heterocíclicas, nitrosaminas, ferro heme e dos níveis de IGF-1 serem aumentados, outro componente presente em grandes quantidades na proteína animal poderá contribuir para um risco superior de cancro. Trata-se do aminoácido metionina. Por ser essencial, este aminoácido tem de ser obtido através da dieta. Embora seja importante em variadas funções do organismo, quando em excesso poderá contribuir para o risco de cancro. A primeira vez que se observou uma relação entre as células de cancro e a metionina foi num estudo publicado em 1974. O estudo mostrou pela primeira vez que muitos cancros em humanos têm aquilo a que se chama uma “absoluta dependência de metionina”. O que isto significa é que enquanto as células saudáveis podem sobreviver sem metionina, as células de cancro morrem na ausência do aminoácido, precisando dele para crescer.
As células de cancro apresentam uma série de alterações metabólicas as quais oferecem oportunidades terapêuticas. O aumento da dependência destas células do aminoácido metionina é uma dessas alterações e embora se conheçam alguns mecanismos envolvidos nessa dependência, o mecanismo fundamental permanece ainda desconhecido. A restrição de metionina poderá interferir com a metilação de DNA, ciclo celular e síntese de antioxidantes nas células de cancro.
Estudos preliminares em laboratório e animais têm mostrado resultados promissores na inibição dos tumores em vários tipos de cancro sem consequências para as células saudáveis. Esta dependência de metionina foi identificada em tumores de vários tipos de cancro, como o cólon, mama, ovário, próstata e melanoma. Alguns estudos de fase I têm sido realizados com resultados promissores tanto através de uma restrição de metionina como diminuindo a sua disponibilidade com fármacos. Alguns estudos mostram também haver uma sinergia entre essa estratégia e tratamentos com quimioterapia mostrando vantagens nos resultados, podendo também vir a ser útil no tratamento de cancros metastizados.
Embora existam alguns estudos a decorrer que procuram perceber a eficácia na utilização de fármacos que reduzam os níveis de metionina no organismo, a forma mais simples e eventualmente mais eficaz passa por uma intervenção nutricional, reduzindo os alimentos que sejam ricos neste aminoácido. De facto, a restrição de metionina tem mostrado benefícios no prolongamento de vida em modelo animal. Os vários estudos que avaliam essa estratégia referem as eventuais vantagens de uma dieta vegan, sem produtos de origem animal, na diminuição dos níveis de metionina e consequentemente na diminuição de risco de vários tipos de cancro
Os alimentos com maior concentração de metionina são geralmente de origem animal sendo a maioria dos alimentos de origem vegetal pobres no aminoácido com exceção das sementes de sésamo e da castanha do brasil. A seguinte lista apresenta alguns dos alimentos mais ricos em metionina:
- Claras de ovos (3204mg/100gr)
- Bacalhau (1859mg/100gr)
- Queijo parmesão (114mg/100gr)
- Farinha de sementes de sésamo (1016mg/100gr)
- Castanha do Brasil (1008mg/100gr)
- Carne de vaca (941mg/100gr)
- Galinha (925mg/100gr)
Referências:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24679758
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4524624
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22171665
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14585259
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8495409
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12948860
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11603655
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12416254
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22171665
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18789600
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22342103
http://ndb.nal.usda.gov/ndb/nutrients/report?nutrient1=506&nutrient2=&nutrient3=&fg=&max=25&subset=0&offset=0&sort=c&totCount=4933&measureby=m
http://nutritiondata.self.com/foods-000084000000000000000-w.html
fonte: 21 de abril de 2014 · por Gabriel Mateus · em metionina
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