Eles
vêm se tornando uma alternativa nos dias atuais: são baratos, fáceis de
transportar e ainda mantêm as propriedades nutricionais originais. Mas
será que isso é suficiente para garantir uma dieta saudável?
Os
alimentos desidratados são resultado de uma técnica milenar utilizada
para conservação. Funciona assim: tanto a desidratação quanto a secagem é
realizada, primeiro, com o aumento da temperatura do produto, o que
força a evaporação da água contida em sua composição. Quando isso
ocorre, a umidade evaporada é removida graças à circulação do ar.
Entre as principais vantagens de frutas, verduras e legumes
desidratados estão a grande redução de peso e volume dos mesmos, a
facilidade de transporte e armazenamento - pois não necessitam de
refrigeração - e a compatibilidade com outros ingredientes. Sopas
instantâneas com vegetais desidratados, sucos de frutas em pó, frutas
desidratadas, tomate seco e cápsulas de mandioca estão entre as opções
mais consumidas pelos brasileiros.
Comida em pó
"Farelos, sementes e casca de ovo triturada são tão nutritivos
quanto um prato cheio de legumes. "A afirmação é de especialistas que
defendem a ingestão de alimentos desidratados para a manutenção de uma
dieta equilibrada. Para esses profissionais, o consumo de quantidades
razoáveis de vitaminas, proteínas e carboidratos é possível, sem ter de
devorar uma salada de jiló e berinjela.
"É impressionante o valor nutricional desses alimentos", afirma
Themis Dovera, nutricionista e docente da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). "Quando analisamos o abacaxi desidratado chegamos
a uma fonte de bromelina concentrada", continua. A bromelina é uma
enzima que ajuda na digestão e no emagrecimento.
Às vezes, não é o legume propriamente dito que é aproveitado, mas
as suas folhas. No caso da mandioca e da batata-doce, por exemplo, as
folhas - que são desidradatas e usadas na produção de cápsulas - são
ricas em vitaminas A e C. Algumas pitadas nas refeições diárias garantem
o dobro da quantidade nutricional de um legume fresco ou cozido. As
cascas das frutas, que são aproveitadas no processo de desidratação,
concentram mais micronutrientes, como ferro, cálcio e potássio, do que
as polpas.
Poder concentrado
A pectina - encontrada nas frutas, nos vegetais, nos farelos de
aveia e nas leguminosas - é preservada na desidratação e é uma
importante aliada na dieta porque, em contato com o organismo, se
transforma em um gel que dificulta a absorção de carboidratos e,
conseqüentemente, de açúcares. "Alguns nutrientes dos alimentos podem
até ser potencializados durante o processo de desidratação", completa a
nutricionista Cynthia Antonaccio, mestre pela Universidade de São Paulo e
consultora nutricional.
Ela se refere ao licopeno, substância do tomate, que é otimizado
com o aquecimento e atua como um potente antioxidante, que protege da
ação dos radicais livres na célula e auxilia na redução do colesterol.
"Não há dúvida que os desidratados são uma ótima maneira de variar as
cores do prato. Por isso, podem auxiliar no aumento do consumo diário de
vegetais e, de quebra, aumentar o bem-estar e manter a forma" continua.
Nas prateleiras dos supermercados, há várias alimentos que podem
ser usados com segurança, como leite em pó, batatas desidratadas, frutas
e verduras secas, ervas, carnes-secas (como charque), sopas e temperos
em pó, barras de cereais com frutas secas, maçã desidratada crocante e
tomate seco em conserva. Como não precisam de refrigeração para
armazenamento ou transporte, os desidratados representam uma opção
viável e sempre disponível para se consumir diversos nutrientes. Eles
podem ser levados na bolsa para qualquer lugar ou ficar guardados por
vários dias na gaveta.
Já a sopa instantânea de pacote, que exige apenas a mistura de
água quente para reidratar, garante um lanche gostoso e de preparação
rápida. A facilidade de manuseio e a praticidade são argumentos mais que
convincentes para aqueles que, por falta de tempo ou de vontade, não
comem verduras, legumes e frutas suficientes.
Quantidade moderada
Mas essa praticidade leva muitos profissionais a considerarem o
alimento desidratado até um risco para quem precisa emagrecer. "Tudo que
é picadinho, levinho e cabe no bolso pode ser uma excelente
alternativa, mas também às vezes gera consumo abusivo," alerta Themis
Dovera.
As frutas desidratadas equivalem, em média, a apenas 18% do seu
peso original e alguns vegetais têm o peso reduzido em até 90%. Mas,
"vale lembrar que os alimentos desidratados têm uma maior densidade
energética, ou seja, apresentam mais concentração de calorias em seu
volume", diz Mariana Del Bosco Rodrigues, nutricionista do Departamento
de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica.
"Está errado afirmar que 100 g de frutas secas equivalem a 100 g
de frutas in natura em termos calóricos", ensina Themis. "Para você ter
certeza do valor calórico do desidratado, multiplique por três vezes o
valor calórico do alimento fresco." Por exemplo: uma maçã de 100 g tem
em média 40 calorias, enquanto a mesma quantidade da desidratada terá
120 calorias. Assim, moderação também vale aqui.
Para fugir de frituras,
massas e doces, as frutas desidratadas são opções interessantes. Só não
exagere na dose, pois elas também têm calorias e engordam
Trocas saudáveis
SUBSTITUTOS: shakes, sopas desidratadas, Whey
Protein e omelete em pó. Têm quantidades calórica e nutricional
adequadas. No entanto esses alimentos desidratados podem ser usados para
substituir almoço ou jantar por períodos curtos (um a dois meses).
COMPLEMENTARES: frutas, legumes, verduras e
temperos. Devem ser usados sempre como coadjuvantes das refeições.
Exemplos: pó de maracujá, pó da folha da goiaba (antidiarréico), pó da
polpa da maçã (auxilia no emagrecimento), mix de frutas secas (rico em
selênio, magnésio e silício), pó da couve (ótimo para dores
articulares), cebola em flocos e alho em pó (ricos em alicina para
melhorar a coagulação sangüínea), pó da casca do ovo (cálcio), pó de
gergelim (fonte de cálcio 200 vezes mais potente que o leite), pó de
linhaça (contém ômega 6 antiinflamatório).
por Mônica Costa
Fonte: Dieta Já
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