Vitamina B12.
1) Quais são os primeiros sintomas da deficiência?
A deficiência de vitamina B12 traz sintomas
bastantes inespecíficos, o que, algumas vezes, dificulta o diagnóstico
clínico (por meio de sinais e sintomas), sendo necessário a avaliação
por exames laboratoriais para descartar outros problemas com sintomas
semelhantes.
O sintoma mais precoce que tenho visto em pacientes
que atendo são queixas de formigamento nas pernas após poucos minutos
sentado com as pernas cruzadas. Da mesma forma, as queixas de redução da
atividade cognitiva (concentração, memória e atenção) são regra. Na
deficiência de B12 há dificuldade de manter a atividade intelectual com
conforto.
A deficiência de B12 pode se manifestar com
alteração da sensibilidade dos pés e das pernas, redução da
propriocepção (a pessoa tem dificuldade de perceber adequadamente o
próprio corpo) e sintomas psiquiátricos.
A anemia por falta de B12 pode ocorrer, mas é menos comum do que os sintomas neurológicos citados acima.
2) Por que alguns profissionais não chegam à mesma conclusão no diagnóstico da B12?
2) Por que alguns profissionais não chegam à mesma conclusão no diagnóstico da B12?
A resposta é bem simples: porque nenhum profissional
consegue saber tudo de todos os assuntos. O acúmulo de conhecimentos
faz com que exista a necessidade de especialistas em diversas áreas.
Isso não é uma fragmentação do todo, mas sim uma necessidade de
aprofundar mais algumas áreas do conhecimento.
O diagnóstico da deficiência da B12 é claro quando o
profissional conhece o assunto, e não há margem para equívocos quando
há esse domínio.
3) Como fazer o diagnóstico da falta de B12?
3) Como fazer o diagnóstico da falta de B12?
Esse diagnóstico é feito, basicamente, pela
avaliaçaõ da B12 no sangue, associado ou não aos sintomas de
deficiência. O diagnóstico pode ser complexo em algumas poucas
situações, e depende dos exames que temos em mãos. Na maioria das vezes é
muito simples.
4) A dosagem da vitamina B12 no sangue
4) A dosagem da vitamina B12 no sangue
Esse exame é o mais comumente utilizado, e sujeito a
muitos erros de interpretação. Para entendermos o porquê, é necessário
conhecermos a forma que ele foi elaborado.
No passado, foram recrutadas cerca de 250 pessoas
aparentemente normais, sendo coletado o sangue dessas pessoas. Dos
valores encontrados, 95% delas estavam entre 200 a 900 pg/mL de vitamina
B12. Assim, esse valor foi utilizado como faixa de normalidade.
Veja que problema é essa faixa de normalidade!
Primeiro: a normalidade foi estabelecida de forma muito subjetiva.
Segundo: a faixa é muito ampla (200 a 900 pg/mL, o que já sugere uma
flexibilidade exagerada na análise dos dados).
Com marcadores sanguíneos diferentes, verificamos
que estar nessa faixa de normalidade não significa estar com bons níveis
sanguíneos.
Logo abaixo veremos os níveis que ela deve ser mantida.
5) Então a avaliação da B12 no sangue não é útil para o diagnóstico?
5) Então a avaliação da B12 no sangue não é útil para o diagnóstico?
Ela é útil sim, inclusive é o melhora parâmetro de
análise, mas deve ser avaliada com critério pelo seu médico, pois é
necessário correlacioná-la com outros dados clínicos e laboratoriais.
6) Ouvi dizer que a dosagem de B12 não é adequada para o diagnóstico, pois ela é feita no sangue, e não dentro da célula (intracelular).
6) Ouvi dizer que a dosagem de B12 não é adequada para o diagnóstico, pois ela é feita no sangue, e não dentro da célula (intracelular).
A dosagem da B12 no sangue é muito útil para o diagnóstico sim! Os níveis no sangue refletem os níveis dentro das células.
A deficiência de B12 pode ser dividida em 4
estágios. Nos 2 primeiros estágios, os compostos que ficam alterados (já
decorrentes da falta de B12) só podem ser dosados em laboratórios muito
especializados, e por isso não conseguimos o diagnóstico precoce.
Nesses dois estágios iniciais, a B12 já está baixa dentro da célula (no
plasma intracelular), e por isso os compostos ficam alterados.
No terceiro estágio, outros compostos estão
alterados, como a homocisteína e o ácido metilmalônico. Portanto, a
alteração desses 2 compostos, que podemos dosar, já indica uma
deficiência mais avançada.
No quarto e último estágio, além das alterações já descritas, podem aparecer os sintomas e alterações no hemograma.
Assim, desde os estágios mais precoces da
deficiência a B12, ela já se encontra reduzida dentro das células. A B12
no sangue simplesmente reflete a B12 intracelular.
7) Então quais são os exames necessários para avaliar a B12?
7) Então quais são os exames necessários para avaliar a B12?
A dosagem da B12 no sangue sempre deve ser feita. É o primeiro exame que deve ser pensado para avaliá-la.
A dosagem da homocisteína e do ácido metilmalônico
(que se elevam na deficiência da B12) podem ser utilizados, mas na
prática, são desnecessários.
O hemograma, para ser utilizado, depende de muita
habilidade de quem o lê, pois diversos fatores interferem nos parâmetros
que podem indicar a deficiência de B12.
8) A B12 deve sempre permanecer acima de 490 pg/mL!!
8) A B12 deve sempre permanecer acima de 490 pg/mL!!
Esse número não é um número mágico e muito menos arbitrário.
Estudo publicado há vários anos já demonstrou que
quando a B12 está abaixo de 490 pg/mL (sendo a referência de 200 a 900
pg/mL), ela já é potencialmente deficiente.
Outro estudo demonstrou que quando a B12 está abaixo
de 350 pg/mL, muitas pessoas podem apresentar sintomas de deficiência
de B12, especialmente relacionados ao sistema nervoso.
9) Qual é o valor ideal que a B12 deve ser mantida?
9) Qual é o valor ideal que a B12 deve ser mantida?
Essa pergunta pode ser respondida de formas diferentes.
A melhor forma de avaliar isso é por meio de
diversos exames interligados, pois a B12 muda vários parâmetros do nosso
metabolismo.
Assim, como regra simples, utilizando como
referência um estudo científico que fez essas correlações com dezenas de
indivíduos (vegetarianos e não vegetarianos), podemos seguir as
seguintes diretrizes:
- quando a B12 no sangue está acima de 490 pg/mL, raramente um indivíduo tem carência de B12; |
- a homocisteína é outro parâmetro, e deve permanecer sempre abaixo de 8 mcmol/L.Essa dosagem é dispensável. |
Assim, a dica é:
Mantenha sempre a B12 acima de 490 pcg/mL. A homocisteína deve permanecer abaixo de 8 mcmol/L.
Pessoas com níveis abaixo de 490 pg/mL podem ou não estar com deficiência de B12, mas isso só pode ser avaliado por um médico que domine o assunto.
10) Talvez você se confunda ao avaliar os exames laboratoriais.
Pessoas com níveis abaixo de 490 pg/mL podem ou não estar com deficiência de B12, mas isso só pode ser avaliado por um médico que domine o assunto.
10) Talvez você se confunda ao avaliar os exames laboratoriais.
Talvez não, com certeza haverá confusão, pois essa avaliação deve ser feita pelo seu médico.
Não basta olhar as referências de normalidade nos
exames, pois é necessário conhecer diversas condições do organismo.
Avaliação de exames não se faz simplesmente olhando as faixas de
normalidade.
11) Tratamento da deficiência e manutenção são coisas diferentes
Quando a pessoa está com deficiência há necessidade
de tratar a deficiência, elevando os níveis de B12 para valores seguros.
Após a pessoa ter níveis adequados de B12, o suplemento ou a
alimentação, é utilizada para manter esses níveis adequados.
Assim, a dose e freqüência de uso da B12 para tratar a deficiência são diferentesdo utilizado para a sua manutenção.
12) O custo da B12
12) O custo da B12
A B12 é barata. Algumas pessoas questionam que a
necessidade de uso da B12 é uma mentira inventada pela indústria
farmacêutic para ter lucro, mas isso não é verdade. Ela é muito barata,
além de ser necessária. Basta avaliar os sintomas de quem tem
deficiência, o que corresponde a cerca de 50% das pessoas.
13) Absorção da B12
Após ingerida, retirada do alimento (o que depende
em parte do ácido do estômago), ligada ao Fator Intrínseco (produzido no
estômago), a B12 é absorvida no final do intestino delgado. Só para
relembrar: para a B12 ser absorvida em condições fisiológicas, ela deve
estar ligada ao fator intrínseco.
Precisamos absorver, para manter os níveis de B12 no
organismo, cerca de 1 mcg de B12 por dia. A recomendação de ingestão
diária de 2,4 mcg para um adulto leva em consideração o fato de que
conseguimos absorver a metade do que ingerimos numa dieta onívora, de
forma geral.
A absorção intestinal é limitada. A B12 não entra
aleatoriamente no organismo. No intestino há “seguranças” (receptores de
B12) que permitem a entrada de cerca de 1 a 1,5 mcg de B12 a cada 4 a 6
horas. Dessa forma, se você pensou na matemática, calculou que,
considerando 3 refeições, podemos absorver até 4,5 mcg de B12 por dia.
Pronto! É aqui que começa a confusão, pois medicina é diferente de matemática!!
Vamos começar pela manutenção e depois falaremos sobre o tratamento da deficiência.
14) Manutenção dos níveis de B12
14) Manutenção dos níveis de B12
Nesse momento vamos entender que os seus níveis de B12 estão adequados, e pretendemos mantê-los adequados.
14.1- Com o uso da B12 diariamente, por via oral
14.1- Com o uso da B12 diariamente, por via oral
A dose preconizada para isso é de 5 mcg de B12 por
comprimido, no mínimo. Alguns suplementos no mercado apresentam doses
maiores que essa, como 10 ou 15 mcg. Não há problema em utilizá-los.
Na minha experiência profissional, verifico que essa
dose é insuficiente para manter os níveis adequados. São pouquíssimas
pessoas que conseguem fazer uma manutenção com doses tão baixas. As
doses de manutenção não podem ser padronizadas, pois a variação de
necessidade de uma pessoa para outra são enormes. Um pessoa pode necessitar menos que 10 mcg por dia ou até mais que 2.000 mcg por dia.
14.2- Com o uso da B12 semanal, por via oral
14.2- Com o uso da B12 semanal, por via oral
Há tempos atendi uma pessoa que fez o seguinte
cálculo: se preciso ingerir 2,4 mcg de B12 por dia, isso significa que
devo tomar uma dose única semanal de 16,8 mcg (2,4 mcg x 7 dias). Esse
cálculo é lógico para a matemática, mas não para a biologia.
A dose de manutenção preconizada para ser tomada 1 vez por semana é de 2.000 mcg.
No entanto, na minha prática profissional, também
observo que essa dose não é adequada. Atendo muitas pessoas tomando essa
dose que estão fazendo manutenção da deficiência. A dose para uso semanal, além de individual, para ser eficiente, costuma ser bem maior que essa.
Mas por que devo tomar 2.000 mcg 1 vez por semana se consigo absorver apenas 1 a 1,5 mcg a cada 4 ou 6 horas? Não vou perder o que ingeri?
Mas por que devo tomar 2.000 mcg 1 vez por semana se consigo absorver apenas 1 a 1,5 mcg a cada 4 ou 6 horas? Não vou perder o que ingeri?
Mais uma vez: biologia e matemática são coisas diferentes.
Quando a B12 ingerida é proveniente da alimentação,
ou de suplementos com baixas doses, a regra de absorção de 1 a 1,5 mcg a
cada 4 ou 6 horas é válida, pois os “seguranças do intestino” (os
receptores intestinais) conseguem limitar a entrada da B12.
No entanto, quando uma megadose de B12 é
administrada ocorre um “arrastão de B12”, que entra no intestino
passando por cima dos “seguranças”.
Tecnicamente dizemos que a absorção de B12, que segue o processo de pinocitose, passa a ser por difusão.
Assim, apenas para ilustrar, a B12 é uma pessoa que
quer entrar numa festa (dentro do organismo). Para isso ela chega na
porta, onde está o segurança da festa (o receptor intestinal), que a
deixa entrar conforme as suas possibilidades. No entanto, se há muitas
pessoas (uma multidão) para entrarem na festa, elas começam a pular o
muro.
14.3- Com o uso da forma injetável
14.3- Com o uso da forma injetável
Para isso pode ser utilizada uma aplicação de B12 com cerca de 5.000 UI a cada 6 meses ou um ano.
Essa é a recomendação médica que existe na
literatura e que eu mesmo prescrevi por algum tempo. No entanto,
raramente prescrevo dessa forma, pois tenho visto que a via oral é muito
mais eficiente. Sugiro não confiar na aplicação semestral da B12
intramuscular.
14.4- Com a alimentação
14.4- Com a alimentação
Muito cuidado aqui!! Os alimentos que contém B12 ativa são as carnes, queijos, leite e ovos, além dos alimentos enriquecidos.
A ingestão de B12 por meio de derivados animais
precisa ser constante e em quantidade adequada. Apenas para termos uma
idéia, a quantidade de leite necessária para conseguirmos uma quantidade
diária mínima de B12 seria de cerca de 650 mL por dia.
Muitos vegetarianos que utilizam derivados animais,
tendem a reduzir o consumo desses produtos, o que torna a ingestão de
B12 ainda menor.
São raros os pacientes ovolactovegetarianos que atendo com níveis adequados de B12, após anos de dieta vegetariana.
E mesmo ingerindo até mais que o preconizado (2,4
mcg), você pode ter deficiência, pois essa vitamina depende muito mais
do funcionamento do nosso organismo do que da quantidade que ingerimos.
Não complique! Dose a B12 no sangue!
A biodisponibilidade da vitamina B12 nos alimentos
A biodisponibilidade da vitamina B12 nos alimentos
De forma geral, a quantidade de B12 que conseguimos absorver dos seguintes “alimentos” é a seguinte:
Alimento | Biodisponibilidade da B12 (%) |
Carne vermelha | 56 a 77 |
Peixe | 42 |
Frango | 61 a 66 |
Leite | 65 |
Ovos | menos do que 9 |
O teor de B12 nesses alimentos é variável (veja a tabela no meu livro: Alimentação sem carne – guia prático; na página 61)
Segundo o autor, a B12 das algas e alimentos fermentados é diferente da que necessitamos para o nosso metabolismo
15) Tratamento da deficiência
Segundo o autor, a B12 das algas e alimentos fermentados é diferente da que necessitamos para o nosso metabolismo
15) Tratamento da deficiência
Para elevar os níveis de B12 no organismo e assim tratar a deficiência há algumas possibilidades:
15.1- Forma injetável
Eu já utilizei muito essa forma de correção, raramente utilizo atualmente, pois a via oral (desde que em dose adequada e por período adequado), é muito mais eficiente e fisiológica para essa correção. Eu não sugiro mais essa forma de correção.
15.1- Forma injetável
Eu já utilizei muito essa forma de correção, raramente utilizo atualmente, pois a via oral (desde que em dose adequada e por período adequado), é muito mais eficiente e fisiológica para essa correção. Eu não sugiro mais essa forma de correção.
Essa forma de tratamento (via injetável) é a mais
antiga e mais conhecida pelos médicos. Sendo assim, é a mais utilizada e
divulgada.
A quantidade de aplicações, a sua freqüência e a
dose de B12 em cada aplicação deve ser levada em consideração de acordo
com as características da pessoa tratada e da sua evolução frente às
aplicações.
2- Via oral
2- Via oral
A via oral também pode ser utilizada para tratar a
deficiência, desde que o seu médico saiba prescrever a quantidade e
freqüência necessária para tratá-la.
Essa forma de correção pode ser muito segura. É a que tenho recomendado.
PERGUNTAS FREQÜENTES
16) Por que antes as pessoas não falavam da deficiência de vitamina B12? Essa descoberta é recente?
PERGUNTAS FREQÜENTES
16) Por que antes as pessoas não falavam da deficiência de vitamina B12? Essa descoberta é recente?
Os maiores estudos científicos com populações
vegetarianas começaram a ser publicados na década de 70. Esses estudos
começaram a demonstrar que os vegetarianos tinham baixa ingestão de B12
(no caso dos ovolactovegetarianos) ou nula (no caso dos veganos).
Em novembro de 1993, o parecer oficial da Associação
Dietética Americana já recomendava, explicitamente, que os vegetarianos
fizessem a suplementação dessa vitamina.
Portanto essa recomendação é antiga e já adotada pelo menos desde 1993.
17) Conseguíamos B12 do solo e da pouca higiene dos alimentos na antiguidade?
17) Conseguíamos B12 do solo e da pouca higiene dos alimentos na antiguidade?
Provavelmente, e historicamente não. Não vou entrar
em aspectos religiosos da existência humana, mas apenas em questões
históricas.
Há mais de 3 milhões de anos existiu um hominídeo que chamamos Paranthropus bosei . Segundo suas características fósseis eram vegetarianos.
Esse hominídeo não era exatamente como nós, e se
alimentavam de partes dos vegetais que nós hoje não conseguimos. Eles
foram dizimados na era das glaciações, pois houve escassez de alimentos
vegetais.
Todos os demais hominídeos, incluindo os nossos descentes, eram onívoros. Eles comiam carne e não era pouca.
A idéia do ser humano antigo numa vida completamente
harmônica com a natureza não encontra respaldo em inúmeras pesquisas. A
vida era bem selvagem (talvez não menos, mas uma forma diferente da que
é hoje). A história da medicina e nutrição mostra claramente as
inúmeras carências nutricionais que sempre existiram, mas que não eram
diagnosticadas por falta de conhecimento na época. As descobertas vieram
aos poucos, como é de se esperar.
Os nossos remotos ancestrais conseguiam a B12 provavelmente porque comiam carne.
18) Se precisamos suplementar a vitamina B12 quer dizer que a dieta vegetariana não é adequada ao ser humano?
18) Se precisamos suplementar a vitamina B12 quer dizer que a dieta vegetariana não é adequada ao ser humano?
Não, não quer dizer isso.
Em diversos ciclos da vida e condições orgânicas
pode ser necessário o uso de suplementos. Isso pode ocorrer por baixa
ingestão dos alimentos ou nutrientes, por dificuldade de retirarmos o
nutriente do alimento ou por problemas no organismo que fazem com que a
sua absorção, utilização ou perda seja comprometida.
Todas as descrições que farei agora são para as pessoas onívoras.
Como exemplo, a Sociedade Brasileira de Pediatria
recomenda que as crianças, dos 6 meses aos 2 anos de idade, recebam
suplementação de ferro, frente ao elevado índice de anemia nesse
período. É estimado que metade das crianças com menos de 5 anos e 1/3
das gestantes no Brasil tenham carência de ferro.
A suplementação com ácido fólico é feita para
mulheres que querem engravidar. Diversos obstetras prescrevem
rotineiramente suplementações vitamínicas e minerais para gestantes. A
gestação exige aporte de ferro extra, com suplementação.
O Instituto de Medicina dos Estados Unidos recomenda
que as pessoas com mais de 50 anos de idade utilizem suplementos de
B12, pois pelo menos 30% dessa população mostra deficiência dessa
vitamina.
O iodo é adicionado ao sal que consumimos, para que
esse mineral chegue a pessoas que moram em regiões distantes do mar. A
sua falta causa sérios problemas mentais em crianças (cretinismo), além
de dificuldade de produção de hormônio da glândula tireóide.
A fortificação das farinhas com ferro e ácido fólico não visa atingir os vegetarianos, mas sim a população onívora.
Como você pode notar, mesmo os onívoros estão sujeitos a diversas deficiências nutricionais.
Como você pode notar, mesmo os onívoros estão sujeitos a diversas deficiências nutricionais.
O fato que incomoda alguns profissionais de saúde é o
fato de que mesmo com uma dieta bem balanceada, uma dieta vegana não
supre todos os nutrientes (por causa da B12).
No entanto, assim como o ferro, a B12 depende muito
mais do nosso metabolismo, do que da quantidade que ingerimos. Enquanto
50% dos vegetarianos apresentam deficiência de B12, isso ocorre com 40%
dos onívoros da América Latina. Veja que a diferença é pequena!
19) Há pessoa que são vegetarianos há anos e não têm sintomas de deficiência de vitamina B12. Como explicar isso?
19) Há pessoa que são vegetarianos há anos e não têm sintomas de deficiência de vitamina B12. Como explicar isso?
O nosso organismo pode estocar a B12 por muitos anos.
Uma pessoa com bom estoque de B12 precisa absorver,
diariamente, 1 mcg de vitamina B12 proveniente da dieta para manter os
bons níveis dela.
Por meio da secreção biliar, 1 a 10 mcg de vitamina
B12 são lançados diariamente no intestino e ela pode retornar para o
sangue após ser absorvida.
Assim, conseguimos “reciclá-la” evitando a sua perda
intestinal por meio desse ciclo que chamamos êntero-hepático (do
intestino para o fígado). No entanto, mesmo com esse ciclo preservado,
pequenas perdas de B12 para as fezes ocorrem e os seus níveis sanguíneos
são reduzidos. Assim, quem não ingere B12, vai perdendo gradativamente a
que tem no organismo.
Existe a possibilidade do indivíduo excretar muito
pouca B12 pelas vias biliares ao intestino e reabsorvê-la com muita
eficiência, fazendo com que mantenha a B12 no organismo facilmente. São
poucos os indivíduos com essa habilidade.
Pessoas que são vegetarianas há muito tempo podem não ter sintomas de deficiência, mas costumam apresentar níveis baixos dela. Com isso, compostos que dependem da B12 para serem metabolizados ficam alterados e isso é nocivo para a saúde.
Pessoas que são vegetarianas há muito tempo podem não ter sintomas de deficiência, mas costumam apresentar níveis baixos dela. Com isso, compostos que dependem da B12 para serem metabolizados ficam alterados e isso é nocivo para a saúde.
Lembre-se que diversas alterações orgânicas são
assintomáticas, mesmo sendo nocivas. Para ilustrar, o colesterol elevado
não traz sintomas, assim como o início de problemas renais e hepáticos
também não. Muitos órgãos no nosso corpo “avisam” que estão com
problemas apenas quando o seu comprometimento limita 70 a 80% das suas
funções. A sua artéria carótida (que fica no pescoço e leva sangue ao
cérebro) pode ter uma obstrução (entupimento) de mais de 50% e não
trazer sintoma algum.
Não é prudente aguardar os sintomas aparecerem para
verificar o que ocorre. Um bom profissional de saúde está apto a fazer
uma avaliação para verificar como está a sua saúde.
Na minha experiência profissional, vejo que
praticamente todos os indivíduos com níveis baixos de B12 têm sintomas,
mas esses sintomas não são atribuídos à falta de B12 até que seja
mostrado à pessoa que não é normal sentir o que ela sente. Esses
sintomas desaparecem ao utilizar a B12.
20) Só após 5 anos de dieta vegetariana devo começar a me preocupar com a B12?
20) Só após 5 anos de dieta vegetariana devo começar a me preocupar com a B12?
Claro que não! Essa idéia surge pelo fato de podermos estocar a B12 e o estoque ser possível para o seu uso por 3 a 5 anos.
Preste bem atenção: a matemática nem sempre serve para as ciências biológicas. E nesse caso, definitivamente, não serve!
O cálculo do estoque que dura 5 anos é teórico. Além
disso ele parte do princípio que o estoque está cheio no momento que a
pessoa se torna vegetariana. Ledo engano!
Tenho pacientes, vegetarianos há 1 mês, com
deficiência de B12. Claramente o problema não é devido à dieta
vegetariana, pois o tempo de prática dela não seria suficiente para
isso. Há fatores orgânicos e dietéticos que influenciam o estoque de
B12.
Portanto, vegetariano ou não, você deve avaliar a
B12 desde já. Todo profissional que recebe no consultório alguém que tem
e intenção de se tornar, ou que já é vegetariano, deve dosar os níveis
de B12 dessa pessoa imediatamente, não importando o tempo e o tipo de
dieta seguida.
Todo profissional que acompanha vegetarianos deve
solicitar a dosagem de B12 na primeira consulta, independente da pessoa
ter sintomas ou do tempo que é vegetariana.
Não falo isso apenas baseado em estudos publicados,
mas sim pela experiência em consultório. Tem muito vegetariano com
baixos níveis de B12! E da mesma forma, muitos onívoros com carência
dela!
21) Ciência e espiritualidade
21) Ciência e espiritualidade
Não existe diferença entre ciência e espiritualidade.
Ciência é um conjunto de métodos lógicos que
permitem a observação sistemática de fenômenos empíricos visando a sua
compreensão. A idéia de buscar uma explicação satisfatória que demonstre
o funcionamento das leis físicas e divinas não exclui a rejeição do
“sobrenatural”. No entanto, esse “sobrenatural” também tem regras que
devem ser descobertas.
Se alguém diz que consegue materializar a B12 no seu
próprio organismo sem ingeri-la, e após análise verificamos que
realmente isso ocorre é porque há leis para isso. Essa pessoa tem algo
diferente que permite isso. A ciência simplesmente vai investigar, sem
preconceitos, como isso pode ocorrer.
Um pesquisador que utiliza animais em experimentos
está tentando fazer ciência, da mesma forma que outro que repudia essa
atitude. Ambos estão atrás de respostas, mas com conceitos éticos
completamente divergentes. Não confunda: ciência busca explicações. O
ser humano é que escolhe como fazer isso: de forma ética ou não.
Podemos aplicar a ciência em todas áreas da nossa
vida, desde os relacionamentos humanos, nas áreas mais técnicas da
biologia e das ciências exatas, assim como nas religiões e filosofias
espiritualistas.
A ciência e a espiritualidade devem chegar ao mesmo
consenso. Quando isso não ocorre é porque uma delas, ou ambas, ainda não
conseguiu decifrar as leis de funcionamento da vida.
Cuidado com o ser humano: gostamos de ouvir aquilo
que gostamos de ouvir. Sem imparcialidade não há condições de um
julgamento adequado.
Quem defende um ponto de vista de forma parcial não
pode ter uma visão ética dos seus propósitos. Não são as leis divinas
que têm que se adaptar às nossas convicções, mas sim as nossas
impressões se ajustarem às leis divinas após exaustivas verificações com
olhar não tendencioso.
Seja neutro nas suas avaliações e confira os resultados com a prática.
Seja qual for a filosofia que você segue, não
descuide da B12, pois ela é um fator de atenção nas dietas vegetarianas e
não vegetarianas.
22) De onde vem a B12 utilizada nos suplemento?
A B12 é proveniente de cultura de bactérias em laboratório.
Preste atenção se você for utilizar produtos
comprados em farmácias, pois alguns deles podem conter alguns derivados
animais. O fato é que a B12 provém de bactérias.
23) Algas, alimentos fermentados e o levedo de cerveja contém B12?
Nenhum desses alimentos podem ser considerados
fontes seguras de B12. Apesar de algas e alimentos fermentados, como o
missô, poderem apresentar pequenas quantidades de vitamina B12, ela é
considerada uma forma inativa da vitamina, não sendo adequada aos seres
humanos.
Muitas algas necessitam de B12 para o seu
desenvolvimento e metabolismo e, por um processo simbiótico com
bactérias (que são as produtoras de B12), incorporam essa vitamina. As
algas Nori e Chorella são as que apresentam teor mais elevado. No
entanto, nenhuma delas, até o momento, se mostrou adequada para corrigir
os baixos níveis de B12 apresentados em humanos que se submeteram a
testes de correção ingerindo essas algas.
Portanto, nenhuma alga deve ser consumida com o intuito de obtenção de vitamina B12. Não se arrisque!!
24) Consumo ovos, derivados de leite e alimentos fortificados. Devo me preocupar com a B12?
Sim, deve! Apesar de esses produtos conterem B12, a
quantidade necessária para a manutenção do organismo, via de regra, não é
mantida a longo prazo. São inúmeros os pacientes ovo-lactovegetarianos
que atendo com baixos níveis de B12. Apesar desses indivíduos ingerirem
B12, e o decaimento teórico dela no sangue ser mais lento do que o dos
veganos, a longo prazo costuma haver redução dos níveis sanguíneos.
25) Posso utilizar a B12 sem saber como está o seu nível no meu organismo?
Como não há relato de efeitos tóxicos por excesso de
B12 na literatura científica, podemos considerar que ela é uma vitamina
bastante segura (quanto a toxicidade) para uso, mesmo se você estiver
com bons níveis no sangue.
No entanto, seu uso sem correta avaliação pode causar consumo metabólico de outros elementos no organismo.
A importância de saber como estão os seus níveis
sanguíneos se faz para a definição da conduta terapêutica (tratar a
deficiência ou fazer apenas a manutenção), assim como para saber se
outros cuidados devem ser tomados em conjunto.
26) Devo utilizar a B12 proveniente de farmácia de manipulação ou das indústrias farmacêuticas?
Para se utilizar qualquer produto proveniente de
farmácias de manipulação deve-se ter o cuidado de conhecer bem a
farmácia e a qualidade dos insumos que ela trabalha.
Os produtos provenientes de grandes marcas da indústria farmacêutica costumam ser confiáveis.
27) Quais os cuidados que devemos ter na gestação e infância com relação à B12?
Nesses ciclos da vida sempre é recomendada a suplementação de B12, independente do indivíduo consumir ovos ou laticínios.
Para bebês e crianças costumo prescreve-la na forma de xarope.
É importante realizar a dosagem de B12 para todas as gestantes e bebês.
Mulheres, vegetarianas ou não, que pretendem
engravidar devem, obrigatoriamente, avaliar a B12. A vitamina B12 tem a
mesma importância que o Ácido Fólico para a formação do bebê.
Gestantes e crianças: toda a atenção deve ser tomada com relação à B12.
28) O consumo de carne garante um bom estado nutricional de vitamina B12?
Não, não garante!
Tanto é que 40% das pessoas que comem carne têm
carência dessa vitamina, enquanto que isso ocorre com 50% dos
vegetarianos. Veja que a diferença é pequena.
29) Por que podemos ingerir boa quantidade de B12 e mesmo assim ter deficiência?
Porque ela depende mais do seu metabolismo do que da sua dieta.
Há 2 formas principais para perdermos a B12 que está no nosso organismo.
Uma delas é pelo processo de reciclagem intestinal
que todos nós temos (tecnicamente chamamos isso de ciclo
êntero-hepático). Nossa vesícula biliar pode lançar até 10 mcg por dia
de vitamina B12 no intestino. O intestino procura colocá-la de volta no
sangue. Essa quantidade lançada ao intestino e a habilidade dele
reabsorver a vitamina é variável de pessoa para pessoa. Uma dieta rica
em carnes, queijo e ovos (fontes de B12) dificilmente conseguirá atingir
7 mcg. Isso significa que pode haver mais perda pelas fezes do que a
pessoa consegue ingerir.
30) Minha recomendação
Dose sempre a B12 no sangue. Esse exame deve fazer parte de qualquer avaliação nutrológica.
As doses para correção ou manutenção são variáveis e não é possível estabelecer uma dose padrão para todas as pessoas.
Fonte: Alimentação sem carne
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